Entenda sobre terremotos



O que causa os terremotos?

Os terremotos são causados pela movimentação das placas tectônicas, um grupo de doze grandes blocos da crosta terrestre onde estão assentados os oceanos e continentes. Essas placas estão em constante movimento, à deriva sobre o magma incandescente que se movimenta abaixo delas.




Os tremores ocorrem normalmente ao longo da junção entre essas placas, que colidem, afundam ou deslizam entre si, liberando grande quantidade de energia.
A velocidade com que as placas deslizam ou colidem varia entre poucos milímetros até 10 ou mais centímetros por ano.

O que é réplica e quanto tempo dura?

Após um terremoto de grande magnitude é normal o surgimento de múltiplos tremores de menor intensidade. Esses eventos são chamados de réplicas ou aftershocks e muitas vezes são extremamente intensos, causando danos tão severos quanto o evento principal.




As réplicas que ocorrem após terremotos de grande intensidade podem durar muito tempo, até mais de um ano e sempre ocorrem ao longo da mesma falha, que muitas vezes só pode ter seu tamanho estimado através de uso de modelos computacionais.
Não existe um consenso de quando um abalo deixa de ser uma réplica para ser um novo terremoto, mas após um longo período de inatividade detectada na mesma zona o tremor já pode ser considerado um novo evento, sem relação com o sismo anterior.
O tempo para isso também não é fixo, mas para terremotos de grande magnitude um período de calmaria de aproximadamente um ano pode ser considerado satisfatório.

A escala Richter

Até 1979, a intensidade dos terremotos era medida através da conhecida escala Richter, mas em 1979 ela foi substituída pela escala de magnitude momentânea, de sigla Mw. Na prática, entretanto, os resultados são muito aproximados.
Da mesma forma que a escala Richter, a Mw também mede a energia liberada pelos terremotos e também é uma escala logarítmica. Isso significa que os números da escala medem fatores de 10. Assim, um terremoto que mede 4 graus tem 10 vezes mais amplitude que um que mede 3 graus e 100 vezes maior que um que mede 2.
Quanto maior a magnitude de um terremoto, maior sua energia e capacidade de destruição, mas os efeitos dependem de vários fatores, entre eles a distância, profundidade, condições do terreno e tipo de edificações. De modo geral, os sismos são classificados da seguinte forma:

DESIGNAÇÃOMAGNITUDEEFEITOS POSSÍVEISQUANTIDADE POR DIA
Micro< 2,0Micro tremor de terra, não se sente.~ 8000 por dia
Muito pequeno2,0-2,9Geralmente não se sente, mas é detectado/registrado.+/-1000 por dia
Pequeno3,0-3,9Frequentemente sentido, mas raramente causa danos.+/-49000 por ano
Ligeiro4,0-4,9Tremor notório de objetos no interior de habitações, ruídos de choque entre objetos. Danos importantes pouco comuns.+/- 6200 por ano
Moderado5,0-5,9Pode causar danos maiores em edifícios mal concebidos em zonas restritas. Provoca danos ligeiros nos edifícios bem construídos.+/- 800 por ano
Forte6,0-6,9Pode ser destruidor em zonas num raio de até 180 quilômetros em áreas habitadas.+/- 120 por ano
Grande7,0-7,9Pode provocar danos graves em zonas mais vastas.+/- 18 por ano
Importante8,0-8,9Pode causar danos sérios em zonas num raio de centenas de quilômetros.+/- 1 por ano
Excepcional9,0-9,9Devasta zonas num raio de milhares de quilômetros.+/- 1 a cada 20 anos
Extremo> 10,0Nunca registradox

A Mw é uma escala infinita e pode inclusive apresentar números negativos. No entanto, as forças naturais envolvidas limitam o topo da escala em aproximadamente 10, já que teoricamente não existe energia em um terremoto capaz de superar esta marca.
Até hoje, o maior terremoto ocorrido na história foi de 9.5 graus e ocorreu no Chile, em 1960.

Escala Richter

A escala de Richter foi desenvolvida em 1935 pelos sismólogos Charles Francis Richter e Beno Gutenberg, ambos membros do California Institute of Technology (Caltech), que estudavam sismos no Sul da Califórnia.
A escala representa a energia sísmica liberada durante um terremoto e se baseia em registros sismográficos.
A escala Richter aumenta de forma logarítimica, de maneira que cada ponto de incremento significa um aumento 10 vezes maior no registro sismográfico.
Dessa forma, a onda de sismo de magnitude 4.0 é 100 vezes maior que a onda de um sismo de 2.0. No entanto, é importante salientar que o que aumenta é a amplitude das ondas sismográficas e não a energia liberada.
Em termos gerais a energia de um terremoto aumenta 33 vezes para cada grau de magnitude, ou aproximadamente 1000 vezes a cada duas unidades.

Escala Mercalli

A escala Richter e a MW não permitem avaliar a intensidade sísmica em um local determinado e em particular em zonas urbanas, já que elas medem a intensidade absoluta do terremoto.

Para medir os efeitos de um terremoto é usada a escala de Mercalli, criada em 1902 pelo sismólogo italiano Giusseppe Mercalli.
Essa escala não se baseia em registros sismográficos, mas nos efeitos ou danos produzidos nas estruturas e percebidos pelas pessoas nas imediações do abalo. Para um mesmo sismo a classificação é diferente, pois depende dos efeitos registrados.
A escala de Mercalli tem importância apenas qualitativa e não deve ser interpretada em termos absolutos, uma vez que depende de observação humana. Por exemplo, um sismo com 7.0 graus na escala Mw ocorrido em um deserto inabitado pode ser classificado como 1 na escala de Mercalli, já que não produz danos.
Por outro lado, um sismo amplitude sísmica de 5.0 graus ocorrido em uma zona urbana com construções débeis pode causar efeitos devastadores, podendo atingir nível 12 na escala.


MEscala Mercalli e os efeitos percebidos
1Nenhum movimento é percebido
2Algumas pessoas podem sentir o movimento se elas estão em repouso e/ou em andares elevados de edifícios
3Diversas pessoas sentem um movimento leve no interior de prédios. Os objetos suspensos se mexem. No exterior, no entanto, nada se sente
4No interior de prédios, a maior parte das pessoas sentem o movimento. Os objetos suspensos se mexem, e também as janelas, pratos, armação de portas
5A maior parte das pessoas sente o movimento. As pessoas adormecidas se acordam. As portas fazem barulho, os pratos se quebram, os quadros se mexem, os objetos pequenos se deslocam, as árvores oscilam, os líquidos podem transbordar de recipientes abertos
6Todo mundo sente o terremoto. As pessoas caminham com dificuldade, os objetos e quadros caem, o revestimento dos muros pode rachar, árvores e os arbustos são sacudidos. Danos leves podem acontecer em imáveis mal construídos, mas nehum dano estrutural
7As pessoas têm dificuldade de se manter em pé, os condutores sentem seus carros sacudirem, alguns prédios podem desmoronar. Tijolos podem se desprender dos imóveis. Os danos são moderados em prédios bem construídos, mas podem ser importantes no resto
8Os condutores têm dificuldade em dirigir, casas com fundações fracas tremem, grandes estruturas, como chaminés e prédios podem se torcer e quebrar. Prédios bem construídos sofrem danos leves, contrariamente aos outros, que sofrem severos danos. Os galhos das árvores se quebram, colinas podem ter fissuras se a terra está úmida e o nível d'água nos poços artesianos pode se modificar
9Todos os prédios sofrem grandes danos. As casas sem alicerces se deslocam. Algumas canalizações subterrânes se quebram, a terra se fissura
10A maior parte dos prédios e suas fundações são destruídos, assim como algumas pontes. As barragens são significativamente danificadas. A água é desviada de seu leito, largas fissuras aparecem no solo, os trilhos das ferrovias entortam
11Grande parte das construções desabam, as pontes e as canalizações subterrâneas são destruídas
12Quase tudo é destruído. O solo ondula. Rochas podem se deslocar


A Lua Cheia pode causar terremotos?

Durante alguns anos, os pesquisadores tentaram relacionar as fases da Lua com os terremotos, mas até agora as tentativas não produziram resultados.



É certo que a atração gravitacional exercida pela Lua tem alguma influência nas camadas mais profundas da crosta e do manto e em alguns casos pode até provocar microssismos, mas não há evidências de que podem disparar terremotos.
Atualmente, estuda-se a possibilidade das marés poderem provocar alguns tipos de sismos próximos à linha costeira, mas não existem estudos conclusivos a esse respeito e são objeto de discussão por parte dos pesquisadores.


Quantos terremotos ocorrem por dia?

De acordo com o USGS, órgão americano de pesquisas geológicas, milhões de terremotos ocorrem anualmente, mas a grande maioria não é detectada por acontecerem em áreas remotas ou terem magnitude muito pequena.


Quantidade de terremotos por ano
Segundo o órgão, aproximadamente 100 tremores de baixa intensidade abaixo de 2.5 graus ocorrem diariamente, mas esse número cresce a cada dia, à medida que novas estações sísmicas são instaladas e também devido à maior sensibilidade dos instrumentos.

Terremotos no Brasil


Entre 15 e 20 sismos são registrados anualmente no Brasil, a maioria com magnitude próxima a 2.5 graus.

O país possui uma rede sismográfica muito pequena, incapaz de apresentar dados estatísticos satisfatórios e muitos sismos de pequena magnitude não são detectados, principalmente quando ocorrem em regiões distantes ou isoladas.

Um aumento na quantidade de estações revelaria um cenário bastante diferente, com um número de tremores bem maior do que o registrado atualmente.

O terremotos estão aumentando?

Apesar dos acontecimentos ocorridos no Haiti, Turquia, Chile e Baixa Califórnia no ano de 2010 terem chamado a atenção da imprensa e das pessoas de modo geral, não existe qualquer comprovação científica de que os tremores estejam aumentando.

Mag/Data2001200220032004200520062007200820092010Média AnualProjeção
2011
8.0 a 8.9101212401112
7.0 a 7.915131414109141216231746
6.0 a 6.9121127140141140142178168144150134304
5.0 a 5.9122412011203151516931712207417681896220913194479
Total23534274543141931194304782956829685317771482521554
Mortes21357168533819228802880036605712880111790320120

Existem diversos fatores que contribuem para essa sensação, mas a rápida expansão nas telecomunicações e o aumento das estações registradoras são apontados como o principal responsável por essa impressão.
Em 1931, a rede sismográfica mundial contava com menos de 400 estações registradoras e atualmente esse número ultrapassa 4 mil. Somente os EUA possuem 8 mil estações. Isso faz com que centenas de tremores que antes não eram registrados, sejam informados quase em tempo real.
Além disso, outro fator que contribui para a sensação de aumento é o fato de que em 2010 os tremores de grande magnitude ocorreram em áreas densamente habitadas e em período de tempo muito curto, fazendo com que as pessoas imaginassem que a Terra estivesse passando por um processo geológico não conhecido, capaz de provocar terremotos quase que diariamente.
Eventos com magnitude entre 7.0 e 7.9, similares aos registrados na Baixa Califórnia em 4 de abril de 2010 ou no norte de Sumatra três dias depois ocorrem em média 14 vezes ao ano, mas a maioria deles é registrada em áreas inabitadas e quase ninguém repara.
Tremores como o que aconteceu no Chile, de 8.8 graus ocorrem em média duas vezes ao ano, mas a maioria das pessoas nem se quer da conta, justamente por ocorreram em alto mar ou em ilhas desabitadas.

Os terremotos podem ser previstos?

Apesar dos esforços dos cientistas e dos avanços tecnológicos, principalmente ligados aos modelos numéricos rodados em supercomputadores, a previsão de terremotos ainda está engatinhando e o principal motivo é a falta de padrões claros que possam caracterizar a ocorrência de um possível evento.




Existem estudos que tentam relacionar alguns sinais a possível ocorrência de sismos, mas por não poderem ser repetidos não são considerados métodos científicos.
Atualmente, o que os pesquisadores fazem é apontar as possíveis áreas sujeitas a terremotos, alertando as autoridades sobre os melhores métodos de construção e evacuação de populações.
Além disso, utilizando imagens de satélites, modelos matemáticos e dados estatísticos é possível apontar alguns locais onde as tensões estejam se acumulando ao longo do tempo, elegendo locais altamente prováveis de ocorrência de tremores, como é o caso da falha de San Andreas, na Califórnia, norte da Turquia especialmente Istambul e algumas regiões do Caribe, entre elas a ilha de Hispaniola, onde se localiza o Haiti.

Sistemas de Alerta

Diante à impossibilidade de prever quando e onde os terremotos acontecerão, mas conhecendo as características de propagação das ondas sísmicas, os cientistas partiram para o desenvolvimento de sistemas de alertas que possam avisar com antecedência a população das cidades.
No Japão, por exemplo, os pesquisadores criaram um sistema de aviso de tremores capaz de avisar com 10 segundos de antecedência a chegadas das ondas. Apesar de parecer pouco tempo, 10 segundos de antecedência permitem que as populações deixem suas casas ou procurem abrigo em local seguro, onde possam se proteger ante a chegada do tremor inevitável.

O aquecimento global pode influenciar os terremotos?


Essa é uma pergunta bastante corriqueira e algumas pessoas leigas acreditam que o aquecimento do planeta verificado nos últimos 100 anos tem alguma influência no suposto aumento dos terremotos.
A resposta científica a essa pergunta é não.





Até o presente momento não existe qualquer estudo que aponte a interferência climática como um dos fatores da intrincada sismicidade do planeta e qualquer tentativa de relacioná-los não passa de oportunismo e falta de conhecimento das leis naturais que regem o funcionamento do planeta.


As tempestades solares podem gerar terremotos?

Não. Tempestades solares são manifestações eletromagnéticas do Sol e seus efeitos na Terra estão relacionados principalmente às camadas superiores da atmosfera, em especial a ionosfera.






As tempestades solares podem provocar auroras, blecautes de radiopropagação e em casos mais extremos danos em satélites, transformadores e equipamentos sensíveis, mas não tem qualquer influência nos sólidos ou líquidos, como é o caso da superfície terrestre e das placas tectônicas.


O Brasil está livre dos terremotos?

Como explicado, os terremotos ocorrem ao longo da junção entre as placas tectônicas. O Brasil, por se localizar no centro de uma dessas placas - a sul-americana - não sofre os efeitos do atrito entre elas, ficando portanto livre dos abalos de origem tectônica. No entanto, todas as placas têm falhas em seu interior e a posição do Brasil não é exceção.





Conhecidas como falhas geológicas, essas ranhuras são similares a cicatrizes na crosta terrestre e são as principais causas dos tremores de terra registrados no Brasil.
Quando uma movimentação anômala ocorre próxima a essas fendas, existe uma tendência natural de estabilização do solo abaixo delas que muitas vezes produzem as chamadas "acomodações", quando blocos inteiros sob a superfície desmoronam sobre espaços vazios.
Com raras exceções, os terremotos no Brasil não ultrapassam 3.0 graus de magnitude e muitas vezes nem são registrados. No entanto, quando acontecem em áreas povoadas com estruturas pobres podem provocar danos significativos.

Única vítima

Até hoje, apenas uma pessoa morreu vítima de terremoto no Brasil. O fato ocorreu em 9 de dezembro de 2007, na cidade de Caraíbas, em Minas Gerais, após um terremoto de 4.9 graus que atingiu o local. A vítima foi uma criança e na ocasião 76 casas desabaram.

Maior terremoto no Brasil

O terremoto mais intenso já registrado no Brasil ocorreu em Porto dos Gaúchos, no norte de Mato Grosso, em 31 de janeiro de 1955. Na ocasião os sismógrafos registraram 6.2 graus de magnitude.
O Estado de São Paulo também já registrou abalos significativos. Em 1922 um violento abalo de 5.2 graus foi registrado na cidade de Mogi-Guaçu e em 22 de abril de 2008, outro tremor de 5.2 graus ocorrido no litoral paulista foi sentido com muita intensidade em diversas cidades do Estado, além de Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.

Podemos ter um tsunami no Brasil?

Tsunamis são ondas gigantes, provocadas por terremotos no fundo do mar, deslizamentos gigantescos de encostas ou erupções vulcânicas oceânicas. Apesar do Brasil se localizar no centro da placa tectônica sul-americana, sua grande extensão costeira torna o país vulnerável às ondas induzidas por sismos de grande magnitude que possam ocorrer longe da costa.

Já aconteceu

Ao que tudo indica, a costa de São Paulo já foi atingida por um grande maremoto que devastou a cidade de São Vicente. Isso aconteceu em 1541 e devastou a vila construída por Martim Afonso. Até hoje os pesquisadores não sabem ao certo o que causou o tsunami, mas como os europeus já estavam aqui, diversos documentos históricos registram o evento.

Cumbre Vieja

Recentemente, alguns cientistas passaram a se preocupar com uma possível erupção do vulcão Cumbre Vieja, localizado no arquipélago das Ilhas Canárias, na costa oeste da África.





Esse vulcão tem um de seus flancos instáveis e segundo os defensores dessa teoria, caso ocorra uma erupção muito forte poderá desmoronar, despejando no mar mais de 500 bilhões de toneladas de terra. Isso produziria um mega tsunami que se espalharia pelo Caribe, Flórida e costas norte e nordeste do Brasil, além do oeste da Europa.
De acordo com alguns modelos, as ondas teriam 40 metros de altura e chegariam ao Brasil em 8 ou 9 horas.
Apesar de catastrófica, a hipótese de um tsunami provocado pelo Cumbre não é compartilhada por todos os cientistas, que acreditam que o vulcão não tem energia suficiente para provocar um mega terremoto dessas proporções.
Em 1949, uma erupção fez o cume da montanha cair vários metros adentro do Oceano Atlântico, mas não provocou qualquer tsunami.
O vulcão apresenta fortes erupções a cada 200 ou 300 anos e a última grande erupção ocorreu em 1971, também sem consequências. Isso significa que se depender do Cumbre Vieja podemos ficar tranquilos pelos próximos três séculos. 

Fonte: apolo11.com


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