Introdução a Como funciona a Arca do Juízo Final

© istockphoto.com / Selahattin BAYRAM
O fim pode estar próximo, mas a Agência Espacial Europeia quer garantir que a civilização sobreviva ao desastre

Quando uma vasta proporção do nordeste dos Estados Unidos sofreu um blecaute, em 2003, é provável que a maioria das pessoas tenha logo imaginado que se tratasse de um ataque terrorista. Na verdade, a causa foi a queda de uma árvore, em Cleveland, que tirou de ação uma importante linha de energia, causando blecautes em cidades de toda costa. O incidente não conduziu a tumultos, saques ou a uma declaração de lei marcial que tenha causado protestos generalizados e a derrubada do governo dos EUA, mas isso poderia ter acontecido. Nunca se sabe.




Podemos definir a situação como uma versão sombria do efeito borboleta. O fim do mundo que conhecemos pode não surgir em uma explosão devastadora ou com a rápida extinção de espécies inteiras, incapazes de sobreviver ao aquecimento global. É claro que o "dia do juízo final" pode envolver algo de imenso e súbito, como um holocausto nuclear ou uma colisão com asteroide, mas também pode resultar de uma série de eventos de escala menor que praticamente erradiquem a espécie humana. Imagine uma guerra que resulte em troca de ataques nucleares, e que estes causem terremotos, por sua vez causadores de tsunamis que gerariam fome em regiões costeiras importantes. Some a isso um avanço da gripe aviária em termos de contaminação de outras espécies e um ataque bioterrorista bem sucedido e teremos problemas sérios para a civilização. Mesmo para aqueles de nós que não são fatalistas, é um cenário que não parece absurdo, dados os recentes acontecimentos.


E é aí que entraria a chamada Arca do Juízo Final, na Lua. A ideia não é novidade - diversos cientistas surpreendentemente legítimos e altamente respeitados apareceram com a ideia, em 2006, e embora o coro de pigarros tenha sido muito ruidoso, não foi ensurdecedor a ponto de derrubar o conceito. A Aliança pelo Resgate da Civilização, sediada na Universidade de Nova York e comandada por cientistas que serviram em postos importantes no governo, no mundo acadêmico e em instituições privadas de pesquisa, tem grandes planos para quando chegar o fim do mundo. E agora a Agência Espacial Europeia está envolvida.


A ideia foi apresentada formalmente em uma conferência realizada em fevereiro de 2008 em Estrasburgo, França. Neste artigo descobriremos o que essa "arca" é, exatamente, o que ela conterá, como poderá salvar a humanidade, quando poderia entrar em operação e qual é a sua viabilidade. Afinal, um holocausto nuclear que deixe intacta a tecnologia avançada não seria um verdadeiro holocausto nuclear. Assim, se a arca estiver na Lua, como os sobreviventes poderiam ter acesso a ela?

Descobriremos adiante. Mas em um primeiro momento, vamos pensar no seguinte: o que exatamente devemos colocar na Lua que poderia ajudar a humanidade a se reconstruir depois da completa destruição?


Tecnologia do Blogger.